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Sou infeliz e a culpa é sua.


Que cada um de nós carrega secretamente alguma irrealização não é novidade. Eventualmente estaremos nas mãos de acontecimentos que nos fogem ao controle. Perder os pais antes de a infância terminar, ser diagnosticado com câncer, perder o emprego após quinze anos de serviços prestados, levar um fora da sua grande paixão, perder um filho, ser vítima de catástrofes naturais, descobrir que está sendo traído após trinta anos de casamento, enfim, a lista é grande, você deve ter sua dor de estimação, seu fantasma do passado, sua mazela disfarçada de sorrisos. Não adianta esconder, sua infelicidade ainda lhe cobrará atenção.
Estava eu ouvindo uma canção em que a artista dizia que, por causa dos erros de seu pai, ela cresceu com medo do mundo, desconfiada e insegura. A música é um chororô só. Ela garante não cometer os mesmo erros, insiste de pé junto que se hoje ela tem dificuldades em lidar com sua biografia, o pai é o culpado. Certa vez eu li em algum lugar que passamos a fase adulta tentando reparar os traumas adquiridos quando crianças. Tem um pouco de drama nisso, só pode. Quer saber minha opinião? Só passa a vida inteira tentando se livrar da infância quem quer. Quando saímos da adolescência de uma vez e começamos a desbravar as delícias da vida adulta, é hora de preparar a cabeça. Se não conseguir sozinho, procure ajuda profissional. Ou prefere largar o encargo do seu bem-estar nas costas do seu passado, que já nem existe mais?
Uma vez adultos, nos deparamos com novos problemas, dificuldades ainda maiores para suportar. Como você faz para conviver com seu bicho papão da infância e ao mesmo tempo resistir a um divórcio? Você tem ânimo o bastante para manter aquela birra estúpida com sua família e ainda dar conta de três moleques dentro de casa com uma pilha de contas a pagar? A gente não pode escolher do que sofrer, a vida é essa charada e quem descasca o abacaxi somos nós. Mas escolhemos como sofrer. O desafio a ser superado é a visão distorcida que temos de nós mesmos. Pergunte a qualquer especialista no assunto, não nos discernimos exatamente como somos, e diante de dificuldades nossa tendência é de dramatizar o que acontece ao nosso redor. Se resolva. Se entenda. Se manque. Se não souber como, marque uma consulta urgente.
Ser vítima da vida é um vício. Aprendemos desde bebês a chorar para que nossas necessidades recebam atenção. Hello, baby! Novos tempos chegaram e a meninice acabou. Se você é infeliz, não culpe sua mãe, seu pai, sua amiga traíra, seu namorado galinha, sua professora estúpida, seu patrão miserável, sua vizinha mexeriqueira. Liberte-se dessa ideia de que sofrer e chamar a atenção equilibra. Não compensa, é azucrinante e honestamente, ninguém liga. Você será feliz quando quiser ser. Tens todo direito de prantear e lastimar sua dor, mas não a mantenha, não a preserve nas gavetas da sua alma, não afague suas desculpas, não acoberte seus traumas. Abra a vidraça desse cômodo, passe um tempo a sós com você mesmo, desvende a melhor maneira de revigorar tudo o que você viu ruir e segue o teu caminho. Um dia você vai perceber que problema todo mundo tem, que as aflições duram por tempo limitado. Dê a si mesmo essa oportunidade de evoluir como pessoa, de ser a melhor versão de si mesmo. E se vira nos trinta, porque até o dia do seu último suspiro existirão dificuldades.

Por: Paulo R. Cane, colunista da Love & Pop, cronista e instrutor de Inglês.
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